Quem Somos

Miguel Domingos Ferreira de Jesus, filho de Macário Ferreira de Jesus e neto de Vicente Ferreira Mendes; lutou imensamente pelos seus direitos à posse da terra herdada pelo seu pai Macário Ferreira de Jesus, cujos fazendeiros tentaram expulsar ele e sua família da área, diante de várias pressões e ameaças por parte de fazendeiros, mesmo assim ele e sua família resistiram e permaneceram na comunidade.

A trajetória de luta em defesa do território foi um processo árduo, além de serem impedidos de ir e vir, ou seja, terem acessibilidade dentro de suas propriedades. Inclusive para o senhor Miguel Domingos, deslocar até a cidade de Nossa Senhora do Livramento, que fica a 20 km da comunidade, ele tinha de sair de madrugada de casa, escondido dos capangas dos fazendeiros; e quando retornava para casa já era tarde da noite.

Muitas famílias, não aguentaram as pressões por parte de fazendeiros e migraram forçadamente para os centros urbanos próximos. Porém, a família de Miguel Domingos, não saíram do local, principalmente por não terem onde ir morar, então ficaram e fizeram os devidos enfrentamentos. Na época apenas 06 (seis) famílias ficaram no território sendo: Família de Dona Rosa Domingas, Manoel Apolinário, Simão, Tomaz, João Evangelista e Nezinho.

Miguel Domingos juntamente com sua família lutaram muito, inclusive uma grande resistência foi o processo nas roças de toco, da qual retiravam sua sobrevivência. Contudo, sofriam com a pressão dos fazendeiros que cortavam toda sua produção e não obstante ainda colocava veneno nos pés das bananas, cortavam cercas e deixavam seus gados pastarem toda a produção da comunidade. Mas, isso não foi suficiente, para estimular a família a desistir de suas terras, pois ao invés de saírem, mesmo diante das dificuldades, eles plantavam sempre o dobro. A família do senhor Miguel enfrentou dois fazendeiros sendo um da Fazenda Flamboyant e outro da fazenda Romales.

Diante da constante luta o senhor Miguel Domingos, ficou muito doente e acabou não resistindo e dessa maneira no dia 13 de maio de 1983, ele veio a falecer aos seus 67 anos. Com a morte do senhor Miguel Domingos a sua esposa Dona Rosa Domingas de Jesus, começou a lutar juntamente com os seus 10 (dez) filhos pelo direito a terra e principalmente pela memória do seu esposo que morreu em decorrência da luta.

Dona Rosa mulher de fibra que passou por muitas pressões, viu seus filhos e genros serem presos pela polícia, mas nunca desistiu de lutar por aquilo que ela acreditava e sempre defendia o lugar onde ela nasceu e se criou e ali constitui sua família, o território é o lugar sagrado para ela.

Diante de tantas lutas e enfrentamento e não tendo apoio, e vendo seus direitos violados, pois, aqueles que deveriam zelar e cuidar dos munícipes, infelizmente eram contra as famílias que na época era conhecido como comunidade de negro. Mesmo sem domínio da leitura ou escrita Dona Rosa travou árduas lutas para defender o cantinho dos seus filhos e manter a identidade do seu povo presente.

Com o passar dos anos, as ameaças e pressões só aumentavam e não aguentando tantas injustiças, o filho de Dona Rosa Domingas o senhor Germano Ferreira de Jesus, mesmo com pouco conhecimento, vai até a capital (Cuiabá), em busca de obter apoio, onde conhece pessoas do Direitos Humanos, Comissão Pastoral da Terra, Grupo de União e Consciência Negra e Centro de Organização de Defesa da Criança e Adolescente, e dessa maneira nasce parceria para ajudar na defesa da comunidade.

Buscar a parceria e conhecimento dos movimentos sociais foram fundamentais, pois, assim a universidade vem para dentro da comunidade fazer estudo antropológico e diagnostica que ali é uma comunidade quilombola, dessa maneira passamos então a usar esta nova nomenclatura e defender o nosso direito. E a partir deste momento, abre um novo leque, para que muitas famílias que foram embora pudessem retornar novamente as comunidades dentro do agora reconhecido como território quilombola, o Território de Mata Cavalo que compreende seis comunidades: Aguacu, Capim Verde, Mata Cavalo de Baixo, Mata Cavalo de Cima, Mutuca e Ponte da Estiva.

Após 47 (quarenta e sete) anos de luta, foi criada então a associação dos pequenos produtores rurais da comunidade Sesmaria Boa Vida Ribeirão da Mutuca no dia 25 de julho de 1997. No ano de 2001, houve alterações no estatuto e passou a ser Associação da Comunidade Negra Rural Quilombo Ribeirão da Mutuca – ACORQUIRIM. A associação foi criada por entender que precisamos fortalecer a luta e para isso era fundamental estamos organizados juridicamente. A associação é composta por 142 (cento e quarenta e dois) famílias quilombolas, que sobrevivem da agricultura familiar quilombola. A associação rural possui ótima localização pois fica a 50 Km de Cuiabá, capital de Mato Grosso.

Missão


Congregar e representar os quilombolas, preservar a identidade cultural, sócio econômico e defender os interesses coletivos da população quilombola.


Instagram

    Fale com a gente

    Quer saber mais? Manda um e-mail!

    contato@acorquirim.org.br
    Mande um Whats
     

    Acorquirim

    Acompanhe nossas Redes Sociais

    Newsletter